sexta-feira, abril 29, 2005

Muita preocupação pouca vida

Ainda hoje li num autocarro da Carris uma pequena frase escrita num letring amarelo agressivo, impossível não ler, quase dá vontade de processá-los por assédio. Ela dizia: "Durante o tempo em que ler esta frase, 2 pessoas morrem de doenças profissionais". Depois de me lembrar da piada fácil "mas há doenças amadoras? E juvenis não?", fiquei lixado e pensei "E depois?!?" ou na versão inglesa: "Who cares?". Com tanta preocupação na minha cabeça ainda me vêm bombardear com esta treta de psicologia da culpabilização por não fazermos nada por um problema que passámos a saber que existe...

Fiquei a pensar no assunto, pois uma sensação de culpa cresceu mas ao mesmo tempo uma revolta, uma indignação. Obviamente que, se eu for a ver todos os problemas que me bombardeiam pelos média 24 horas por dia eu tenho duas hipóteses, qual a pior: ou endoideço por não conseguir ir a todas (ou a nenhuma...) ou alieno-me da situação e torno-me num drone.

E cheguei a uma conclusão: A culpa é da globalização!! Há um século o pessoal tinha de se preocupar era com os problemas da sua própria terra, e dentro da comunidade resolvia-os (a mal ou a bem!!), hoje já não há comunidades "locais" por isso não há controlo social ou assistência social no lugar. Impossível a um centro social pedir ajuda aos seus vizinhos: ora trabalham em Lisboa ora no Porto e estão sempre longe de casa, que é em Viseu...

Então a quem? Ao país inteiro. Imaginem uma catrefada de gente e de associações sociais a pedir o mesmo ao país inteiro. Imaginem que existe UMA por concelho capaz de fazer um anúncio que nos chegue a nós (exagerando um pouco, mas não muito!), agora imaginem um MUNDO a fazer isto a todos os países. (a palavra singularidade matemática diz-vos alguma coisa?!?) É de doidos. E pior: os anúncios estão cada vez mais agressivos, culpabilizando todos. O resultado não é mais ajuda: é a menor auto-estima de Portugal!!

Concelho: E se criássemos uma rede LOCAL para contrariar o GLOBAL? Assim cada um preocupava-se a SÉRIO com os seus problemas locais, e só quando a coisa fosse mais séria se pediria ajuda extra-local. Só uma ideia!

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