quinta-feira, abril 20, 2006

Pedra Filosofal


Salvé, grande Piranesi, sonhador da única verdade, profeta dos altíssimos, senhor do sublime. Dai-nos a visão de Babilónia, torre do infinito segredo, santo plano guardado às setenta e duas chaves pelos trinta e seis Senhores deste Mundo. Ó Babel, quão grande o desejo da tua infinita sabedoria e vaidade, desejo do teu púbis, da tua posse. Raínha das Vaidades e Mistérios, Grande Puta, dai-nos a tua virgindade para que nós, na nossa mesquinhez e falta de espírito te possamos violar e deglutir, como cães, como bestas que somos, arqueólogos das tuas tripas, saqueadores da tua beleza infinita.

A ti te damos todos os tesouros da nossa terra, a ti te proclamamos infinita e te adoramos, em ti sentimos o desprezo necessário, o sacrifício humano, seremos o teu cordeiro. Para sempre havemos de te construir, ó torre miserável, que apontas nefasta e impeadosamente contra o céu, contra o Falso. Agulhas telúricas de energias sublunares, criadoras de redes templárias, ó grande Rosa-Cruz, cumpra-se o teu destino, revele-se o segredo da Salvação, e morramos a seguir. À ejaculação. Ao orgasmo do Universo. Porque a seguir vem Outro, que nascerá. A grande Besta. Que destruirá. E cumprirá, o Universo.

O Segredo, a Alma do Negócio, Baphomet. Basta-me insinuar que possuo algo do Plano de Deus que tu desconheces, que tu cais aos meus pés. Rendido aos meus encantos, à minha Puta que criei e te consome. Holograma dos Anagramas, ao Homem foi dada a Palavra, a Santa, para que nós a desdenhássemos e desconstruíssemos. Para que a destruíssemos, e das cinzas nos cumpríssemos. A Jesus, o grande Bode, o Expiatório, carneiro de todos os Homens, foi-lhe dado o segredo. Pequeno. Que nos amássemos. Que nos déssemos a Deus, ou seja, à vida, ao presente, à carne, ao vinho, ao trabalho, ou seja ao amor. E que gerássemos. E que da fruta nasce a árvore, e da árvore nasce a fruta, e que merda de segredo é este?

Acreditais em algo tão simplório, tão idiota? Ridículo, meus gentios, não acrediteis em Deus, acreditai em Algo Maior. Algo Escondido para sempre e irrevelável, pois se o fosse, deixava de o ser. Eternamente Escondido, eis o verdadeiro sentido do Universo e a nós é-nos dado apenas o papel da barata tonta.

Não, minha gente. Sois tontos em ouvi-lo, ao Simplex. Continuai mas é a construir Elefantes dos Brancos, símbolo da Beleza Eternamente Escondida, fonte da maldita esperança fútil. Continuai a escravizar os outros para que Babel se construa, e para que no final da tua vida possas dizer: "matei milhões. mas por uma boa razão."

A razão de ensinares o teu filho a fazer o mesmo.

2 comentários:

Barba Rija disse...

desculpem lá, mas depois de ler "O pêndulo de Foucault", genial, não podia deixar de o homenagear aqui...

Fartura disse...

eu sei q sou lentinho... mas ñ percebi patavina!!!!

voltaste a beber??