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Nascido a 1720 e morto em 1778, Giovanni Piranesi foi um arqueólogo e arquitecto muito famoso pelas suas gravuras do imaginário poético de Roma, de tom Romântico. Piranesi proclamava (quase hereticamente) a supremacia da arquitectura Romana sobre a Grega, e desenhava sobretudo catacumbas, ruínas e espaços quase Escherianos. De reparar que é costume não desenhar o céu, apenas uma continuidade infinita de arcos, tectos e pontes. Amostra do "sublime", espírito da Arte do século XVII e XVIII, que é uma mistura entre o horror, fascínio e sensação abismal perante o infinito, teatral. O romantismo está presente na ruína, ou seja, na presença da morte de uma civilização por ele considerada extraordinária, um fascínio pelo declínio de uma "Atlântida" clássica.
Salvé, grande Piranesi, sonhador da única verdade, profeta dos altíssimos, senhor do sublime. Dai-nos a visão de Babilónia, torre do infinito segredo, santo plano guardado às setenta e duas chaves pelos trinta e seis Senhores deste Mundo. Ó Babel, quão grande o desejo da tua infinita sabedoria e vaidade, desejo do teu púbis, da tua posse. Raínha das Vaidades e Mistérios, Grande Puta, dai-nos a tua virgindade para que nós, na nossa mesquinhez e falta de espírito te possamos violar e deglutir, como cães, como bestas que somos, arqueólogos das tuas tripas, saqueadores da tua beleza infinita.
A ti te damos todos os tesouros da nossa terra, a ti te proclamamos infinita e te adoramos, em ti sentimos o desprezo necessário, o sacrifício humano, seremos o teu cordeiro. Para sempre havemos de te construir, ó torre miserável, que apontas nefasta e impeadosamente contra o céu, contra o Falso. Agulhas telúricas de energias sublunares, criadoras de redes templárias, ó grande Rosa-Cruz, cumpra-se o teu destino, revele-se o segredo da Salvação, e morramos a seguir. À ejaculação. Ao orgasmo do Universo. Porque a seguir vem Outro, que nascerá. A grande Besta. Que destruirá. E cumprirá, o Universo.
O Segredo, a Alma do Negócio, Baphomet. Basta-me insinuar que possuo algo do Plano de Deus que tu desconheces, que tu cais aos meus pés. Rendido aos meus encantos, à minha Puta que criei e te consome. Holograma dos Anagramas, ao Homem foi dada a Palavra, a Santa, para que nós a desdenhássemos e desconstruíssemos. Para que a destruíssemos, e das cinzas nos cumpríssemos. A Jesus, o grande Bode, o Expiatório, carneiro de todos os Homens, foi-lhe dado o segredo. Pequeno. Que nos amássemos. Que nos déssemos a Deus, ou seja, à vida, ao presente, à carne, ao vinho, ao trabalho, ou seja ao amor. E que gerássemos. E que da fruta nasce a árvore, e da árvore nasce a fruta, e que merda de segredo é este?
Acreditais em algo tão simplório, tão idiota? Ridículo, meus gentios, não acrediteis em Deus, acreditai em Algo Maior. Algo Escondido para sempre e irrevelável, pois se o fosse, deixava de o ser. Eternamente Escondido, eis o verdadeiro sentido do Universo e a nós é-nos dado apenas o papel da barata tonta.
Não, minha gente. Sois tontos em ouvi-lo, ao Simplex. Continuai mas é a construir Elefantes dos Brancos, símbolo da Beleza Eternamente Escondida, fonte da maldita esperança fútil. Continuai a escravizar os outros para que Babel se construa, e para que no final da tua vida possas dizer: "matei milhões. mas por uma boa razão."
A razão de ensinares o teu filho a fazer o mesmo.
Sou um elefante dentro de uma loja de porcelana. É impressão minha talvez, mas acho que parti a loiça toda, e não foi bonito. Pensei (e esse foi o problema, pensei) que o que isto estava a pedir era alguma da tradicional ultraviolência. Peço perdão, mas faz parte dos meus desvarios criativos partir o barro amassado e cozido para ver se estava bem forte, mau grado as sensibilidades efémeras. Hão de compreender que só com essa exigência se conseguirá chegar à porcelana, ao tal "bello sublime" por aí convocado.