sábado, dezembro 16, 2006

tributo a paula rego...

O aborto é uma realidade lamentável mas inescapável. Embora seja triste que muitas mulheres efectuem abortos, essa é uma realidade que não podemos evitar. Podemos naturalmente tentar evitar o maior número possível de abortos individuais, mas devemos também procurar que os abortos que, de qualquer forma, serão praticados, o sejam nas melhores condições possíveis e com o menor sofrimento possível. Só a despenalização do aborto, dentro de um prazo realista (praticável), permite garantir que todas as mulheres que estejam firmemente determinadas a abortar o farão em condições seguras e não traumatizantes.
É necessário um compromisso entre o direito à vida e o direito ao planeamento familiar. Não há planeamento familiar eficaz sem a possibilidade de, como solução de recurso, abortar. Efectivamente, todos os meios contraceptivos falham, por vezes, seja por razões técnicas seja por falha humana. O direito à vida sugeriria que a vida humana deveria ser protegida desde o instante da concepção. O

texto ridículo da autoria de www.euvotosim.org, desenho de Paula Rego

quarta-feira, dezembro 06, 2006

A prova de Deus

O livro que abaixo critico (quase) propõe uma prova de que Deus existe. Apresento uma outra prova, bastante semelhante, mas de que não existe. Vem de "Hitchhiker's Guide to the Galaxy", e parece-me fazer bastante sentido (ou não! ou diria, tanto como!). O argumento começa com um peixe especial que existe na galáxia, um Babel Fish.

"The Babel Fish," said The Hitchhiker's Guide to the Galaxy quietly, "is small, yellow and leech-like, and probably the oddest thing in the universe. It feeds on brainwave energy received not from its own carrier but from those around it. It absorbs all unconscious mental frequencies from this brainwave energy to nourish itself with. It then excretes into the mind of its carrier a telepathic matrix formed by combining the conscious thought frequencies with nerve signals picked up from the speech centres of the brain which has supplied them.The practical upshot of all this is that if you stick a Babel Fish in you ear you can instantly understand anything said to you in any form of language. The speech patterns you actually hear decode the brainwave matrix which has been fed into your mind by your Babel Fish.

"Now it is such a bizarely improbable coincidence that anything so mind-boggingly useful could have evolved purely by chance that some thinkers have chosen to see it as a final and clinching proof of the non-existence of God.

"The argument goes something like this: "I refuse to prove that I exist", says God, "for proof denies faith and without faith I am nothing."
""But," says Man, "the Babel fish is a dead giveaway isn't it? It could not have evolved by chance. It proves you exist, and so therefore, by your own arguments, you don't. QED."
""Oh Dear," says God, "I hadn't thought of that," and promptly vanishes in a puff of logic.
""Oh, that was easy," says Man, and for an encore goes on to prove that black is white and gets himself killed on the next zebra crossing."

Moral da História:

"Most leading theologians claim that this argument is a load of dingo's kidneys, but that didn't stop Oolon Colluphid making a small fortune when he used it as the central theme of his best-selling book Well That About Wraps It Up For God."
"Meanwhile, the poor Babel fish, by effectively removing all barriers to communication between different races and cultures, has caused more and bloodier wars than anything else in the history of creation."

A fórmula de Deus, ou, The Last Question?

Acabei de ler o livro "A Fórmula de Deus" do nosso Dan Brown Português, o José Rodrigues dos Santos. Não lhe chamo Dan Brown a pensar nos meios sujos e mentirosos que o americano usa para os seus próprios fins, mas porventura pelo estilo e pela mística envolta num mistério que apenas no último minuto se desvenda. Sem falar claro do eterno problema da criptografia, tema transversal a estes dois autores, pelos vistos. Matrioskas...

Gostava de dizer que o li num ápice. Não porque era bom, entenda-se. De facto, dei por mim a passar ao lado das descrições aborrecidas que mais dão a sensação de terem sido colocadas por enfado e obrigação do que contribuírem significativamente para a história. Todo o leitor menos distraído deve ter reparado na repetição amadora com que o escritor faz primeiro uma análise sensitiva de um espaço para depois, distraidamente, e como quem não quer a coisa, há alguém que lança uma pergunta no ar (ahh) "alguma vez esteve no Cairo?". Estupidificante. Mas enfim. O que é facto é que Rodrigues dos Santos é um jornalista inteligente, e o conteúdo filosófico / cientista / teológico do livro é suficientemente interessante para manter o leitor intrigado, com uma revelação sempre ao virar da página e uma cifra colocada pelo próprio Einstein, profeta dos tempos modernos.

Tem, no entanto, erros crassos. O primeiro é o de não olhar a meios para atingir os seus fins. A ideia de que a prova da existência de Deus existe é, em si, absurda. Mas mesmo que existisse, ela nunca poderia depender da "sorte da lotaria", seria estarmos a depender outra vez do "Deus das Lacunas". E este é precisamente o ponto fraco do livro, o ponto em que o autor concebe um cientista a proclamar que a prova é a sorte incrível que o universo tem em ter as constantes que tem. Todos menos um cientista, por favor. Qualquer cientista percebe que isto não prova nada.
Fala-se também do Princípio Antrópico, mas esquece-se o autor de referir a diferença entre o PA Forte e o PA Fraco, apresentando o Forte e não apresentando a contra-prova. Esquece-se o autor de referir que a experiência EPR, apesar de apresentar que as partículas estão em contacto directo entre si, também apresenta o facto de que Deus joga de facto aos dados. E não existe determinação possível sobre se o Universo é determinista ou não. Esta é uma crença de Einstein e descrita na Teoria da Relatividade, mas entra em confronto directo com a Física Quântica. É um problema ainda não resolvido.
Mas lá se entra em rodriguinhos, e depois não é bem uma prova. É uma fórmula que a Inteligência no Universo terá, no seu "endgame", de usar para recriar o universo, tornando-se Deus.
Por outro lado, a ideia de que a CIA se deixe entusiasmar pela imaginação de computadores a vaguear pela Galáxia e a proclamar a fórmula de Einstein pelos cantos do universo, quando o que está em causa são bombas atómicas e o Irão, é ridícula. Mas o que mais me enerva é o constante exercício de pastiche, collage, de ideias tão interessantes e tão mal coladas entre si, e aqui atinge-me o pico do desprezo pelo livro. Não pela imaginação louca do autor em referir "Construtores Automáticos" e "colonização das galáxias" e coisas do género, mas precisamente pela falta de imaginação que tal discurso encerra. Como se isto fosse uma novidade incrível. Como se o segredo de Einstein encerrasse uma password até hoje indescrita e espectacular. Como se Isaac Asimov não tivesse descrito exactamente esta história há exactamente cinquenta anos, com muitas menos palavras e um poder de síntese, esse sim, sinal de génio, e como se ninguém nunca a tivesse lido (The Last Question, novembro 1956).

Jornalistas... sempre a fazer-nos de parvos de modo a vender as suas histórias...

segunda-feira, novembro 27, 2006

State of Mind

You ought to know I'm feelin' very depressed.
Really.
I am.
No marvinisms in here.
And I get the thought I am depressing everybody around me.
Which is a really depressing thought.
Coincidentally, that is the main reason why I'm so depressed.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Depressing sayings in english please. Fuck you. Part three: marvinisms (or "like you care")

Prelude explaining what is a "marvinism". Like if anyone cares. The phenomenon starts with the Big Bang.
Bang! There. It started. Now it goes on.There is a mind-bloggingly amount of crap that is been said around the universe since its dawn, but few lives on it have been so miserable and self depressing as Marvin's. Having a brain capable of calculating the hidrogen's emission's of a cubic parsec, he is told to move stuff around and to wait millions of years in a parking lot with nothing to do. Here is what he has to say about "life" and other ghastly intolerable stuff.


"I ache, therefore I am."


"Do you want me to sit in a corner and rust or just fall apart where I'm standing?"


"Wearly I sit here, pain and misery my only companions."


"Pardon me for breathing, which I never do anyway so I don't know why I bother to say it, oh God, I'm so depressed. Here's another one of those self-satisfied doors. Life! Don't talk to me about life."


"Life," said Marvin dolefully, "loathe it or ignore it, you can't like it."


Marvin: "I am at a rough estimate thirty billion times more intelligent than you. Let me give you an example.
Think of a number, any number."

Zem: "Er, five."

Marvin: "Wrong. You see?"


"Why stop now just when I'm hating it?"


"What's up?" [asked Ford.]"I don't know," said Marvin, "I've never been there."


"Simple. I got very bored and depressed, so I went and plugged myself in to its external computer feed. I talked to the computer at great length and explained my view of the Universe to it," said Marvin."And what happened?" pressed Ford."It committed suicide," said Marvin and stalked off back to the Heart of Gold.


Zaphod: "Can it Trillian, I'm trying to die with dignity."Marvin: "I'm just trying to die."


"Why should I want to make anything up? Life's bad enough as it is without trying to invent any more of it"


"Life. Don't talk to me about life."


DISCLAIMER. I have written this to make me happy, not to get you down. I really find this not depressing, but hillarious.
Can't stop laughing.

Ah.

Ah.

Ah.

(Don't worry if I get asfixiated in this laughing exercise. If life isn't good at me in this part, at least I know it won't last much longer. Thanks for worrying though. Or whatever.)

Depressing sayings in english please. Thank you. Part two: hellish definitions of common lies.

Just the continuation of it all. Please stop reading. It's pathetic on your part, trying to get yourself down consciously. Life already does it rather well on its own. I warned you. Here are the quotes. They come from a dictionary, the Devil's own.

"Absurdity, n.: A statement or belief manifestly inconsistent with one's own opinion."Ambrose Bierce, The Devil's Dictionary

"Acquaintance, n.: A person whom we know well enough to borrow from, but not well enough to lend to."Ambrose Bierce, The Devil's Dictionary

"Bore, n.: A person who talks when you wish him to listen."Ambrose Bierce, The Devil's Dictionary

"Brain: an apparatus with which we think we think."Ambrose Bierce, The Devil's Dictionary

"Politeness, n. The most acceptable hypocrisy."Ambrose Bierce, The Devil's Dictionary

Short wasn't it? Here's another: Life's a bitch. And then you die.

Depressing sayings in english please. Thank you. Part one: life, the world, humanity and other

Understanding these three posts. Well yeah, I'm doin a trilogy of very depressed stuff I found out not by accident, but because a spider crawled into my head and climbed up the walls of my skull, wretching my brain while trying to make a web inside me, which is in itself a very stupid move. Why would a spider try to make a web inside my own head, if not for a lack of a brain capable of understanding that flies won't enter my head to be caught by it? The other possibility maybe that the soup I ate was a bit cold. I can never distinguish between the two, excuse me. Like I care. Anyways, I was explaining these terrible posts. They are wretched, and worthless being read. They are depressing. That said, I can't imagine why are you still reading this. But
as you still are, well, here are the quotes I gathered, myself and the stupid spider inside my own head.


"Life is tale told by an idiot, full of sound and furry, signifying nothing."-William Shakespeare
"No human thing is of serious importance."-Plato


"It is not true that life is one damn thing after another...It's one damn thing over and over."-Edna St. Vincent Millay


"Most people would rather die than think; in fact, they do so."-Bertrand Russell


"Maybe this world is another planet's hell."-Aldous Huxley


"A vacuum is a hell of a lot better than some of the stuff that nature replaces it with."-Tennessee Williams


"A lot of people I know believe in positive thinking, and so do I.I believe everything positively stinks."-Lew Col


"Sometimes I think the surest sign that intelligent life exists elsewhere in the universe is that none of it has tried to contact us."-Calvin


"That which has been believed by everyone, always and everywhere, has every chance of being false."-Paul Valéry

terça-feira, agosto 08, 2006

quarta-feira, julho 26, 2006

ahh e tal

... disseram-me para escrever aqui porque determinada questão coisa e tal, e que se eu não o fizesse então ui ui. Está confuso. Tou a fazer uma planta de uma casa e aquilo parece que a cada alteração q faço de modo a resolver os problemas levantados mais problemas pareço criar e mais confuso fica. E o raio do homem q nao me ajuda. É complicado. É tipo a cena da figura e do fundo, quando se mexe na figura para estar bem nas suas partes, perde-se a relação com o fundo, quando se mexe para ficar bem com o fundo, perde relação entre as partes. tenho a sensação de estar a cozer arquitectura. Mexe aqui, mexe dali, roda isto, estica aquilo. Escultura, linhas contínuas que dão a volta à casa, que ligam o todo com a parte e lhe dão sentido, coisas tipo dentro e fora, tipo preto e branco, tás a ver, bué profundo. Agressivo e acolhedor, lanche e pequeno-almoço, escritório e sala. Pés-direitos duplos. Luz zenital diagonal. É giro. Mas sem ponta por onde se lhe pegue. Eixos. Direcções visuais. O Siza é que sabia fazer destas coisas, fazia da arquitectura uma morada.

Palhaço, veio o 25 de abril e estragou-se todo. Bem, tentei encontrar fotos da casa do mestre que aflorava na minha mente, mas não encontrei. É da década de sessenta. Fico-me por um render merdoso que tirei, nem sei porque o publico, talvez para que no futuro me lembre da minha ingenuidade e me ria um pouco, escondendo sem dúvida por detrás do riso uma melancolia pela perca da inocência e do sonho...



"é uma caixa de fósforos"!!! Não sejam mauzinhos. O objectivo nesta perspectiva é criar um filtro de sombra entre a casa, o pequeno pátio ao fundo (ligeiramente à esquerda) e a piscina. A casa desenvolve-se por debaixo da rua (muro à esquerda), com umas escadinhas que descem para outro pátio, definido pela ortogonalidade da casa e pela curva do muro. Lá dentro é que está mais confuso... vai a planta...

Ainda está muito em estudo. Entra-se para a casa ora pelas escadinhas de cima tão a ver, ou então pela garagem na parte direita. As escadas para o piso inferior (o dos quartos) não aparece, n sei porque razao, é o rectângulo não fechado à frente do elevador. (sim tem elevador, a habitação unifamiliar, não é engano!!) A sala está demasiado aberta para o resto da casa, e isto de entrar para um átrio e olhar para a direita e ver uma sala de jantar com o jardim em pano de fundo é no mínimo estranho. Mas se eu puxar para lá a sala, não fica demasiado grande? O muro é aquela linha curva ali em cima. A ideia é criar um triângulo entre os wc da piscina (quadrado em cima) e a cozinha, para refeições, churrascos, etc. O alpendre em baixo é para proteger da luz solar (sul) e enquadrar a vista (sudoeste).

As ideias estão lá, só está é tudo confuso. Sala demasiado aberta, um "espaço" à direita da sala que nem sei bem o que pode ser, um quarto? um escritório? com uma casa de banho e tudo, e entre a sala de estar, jantar e cozinha, não me entendo. Arre que sou estúpido. Ando com isto há três dias e não consigo dar solução... e sábado tou de férias.

terça-feira, julho 04, 2006

Semente


Na cabeça de nossas mães seremos sempre crianças. Descobri que tinha barba rija, quando alguém que me é muito querido decidiu deitar uma semente à terra.

Tenho-me mantido afastado desde blog nos últimos meses propositadamente, tive a oportunidade de correr mundo, de conhecer gente nova, de me apaixonar novamente, de me sentir vivo e cheio de vontade de cheirar todas as flores e experimentar texturas, e abordagens à mesma realidade. Mas no percurso perdi um grande amigo devido a futilidades, a seu tempo vou digerir e contarei a minha versão da historia

Tenho evitado escrever pq queria a inspiração suprema, a arte de poder sublimar todos os pequenos detalhes q tornaram estas viagens que ainda estou a realizar ainda mais fantásticas. Tenho os meus olhos tão cheios de coisas lindas que sinto que vou transbordar. Todo o mundo á minha volta tem ruído, mas pareço não notar… o egoísmo querer viver faz-nos crescer todos os dias… mas o amor faz-nos crescer todos os segundos, qr seja o amor por um filho, qr seja um amor impossível... o amor é obsessão, temos uma pala nos olhos, e qual burros bem comportados apenas vemos o caminho em frente ignorando o que nos rodeia. O mundo pode estar a desabar, a casa a ruir.. mas aquela faísca qdo existe relativiza tudo isso relegando outros instictos para segundo plano… por hoje tenho q vos deixar… mas prometo que volto amanha e termino o meu raciocínio… agora vou-me entregar nas mãos do sono..

sexta-feira, junho 16, 2006

Scolari:

Esta é uma carta de amor.
Porque sei que precisas de muito amor.
Tu e a tua selecção, muito afecto, muito carinho.
Embalá-vos-emos avivada e dedicadamente, nós, este vosso povo
a que vós dais tanta alegria e para o qual fazem tanto.
Pelo menos, tão eficazes como uma garrafa de rum,
na qual despejamos e esquecemos, a vergonha que temos, de beber.

Estou com Barroso!
Estou com o General Scolari!
Por mais que deixes o Baía e o Quaresma em casa,
é a tua escolha e a de mais ninguém,
para isso te pagamos mais de vinte mil mocas ao mês.
Todos os outros são invejosos, bem sabemos, e por isso...

Deixa-te de coisas pá.
Não ligues aos moçoilos,
àqueles que se dizem,
como é?
intelectuais.
O miguel e a judite. E o marido gágá.
Esses doutorados em futebol.

Desculpa-lhes,
a avivada agressividade, é a maneira deles serem
fans.
É que em Portugal, caro Scolari, demonstra-se o amor não em afecto,
mas quando se tem coragem para dizer mal do objecto de amor.
Mal, o suficiente para soar a verdadeiro.
Essa a expressão máxima do afecto em Portugal,
vê o caso do Vasco. É polido. É valente.

Por isso deixa-os palrear e adiciona-os à colectânea da coorte dos maldizentes.
São filhos do Restelo, mas bons amantes! Fazem-no por amor,
tal como qualquer bom terrorista.

Estou contigo Scolari!
Faz o que melhor considerares
para a tua selecção vingar, e ganhar tudo.
O que conseguirem, claro. É que também sei que não aguentam a pressão.
Esquecem-se que a vida são dois dias.

Viva a selecção de Portugal
Viva Scolari
Força Portugal em frente!

(ahhh... beber mais um gole de rum... esta treta é boa...)

sábado, maio 27, 2006


Tornei-me fã deste programa, a Entrevista do Clube e deste senhor, Luís Osório. Todas as tardes quando chego do trabalho, entre as 19:30 e as 20:15, ligo o rádio na 104.3 e deleito-me com as suas entrevistas intimistas, despudoradas e extremamente inteligentes a pessoas conhecidas do mundo português, de todos os ramos e profissões, contando as suas histórias de vida, as suas filosofias, os seus medos e desejos.

Desvelando as suas almas.

quinta-feira, maio 25, 2006

Capítulo XIII e meio

puro devaneio estilístico.... ah quem me dera saber escrever!

Este planeta era ainda mais estranho do que os anteriores. Nele estavam duas pessoas sentadas nas suas cadeiras conversando um com o outro numa mesa, e pareciam irritados um com o outro.
-Bom dia. Porque discutem um com o outro?

-Ora, respondeu a pessoa da esquerda, porque o meu amigo pensa que o lado direito é melhor que o esquerdo! Quando é óbvio o inverso!
-Porque é óbvio o inverso?
-Ora porque o direito não tem futuro.
-Não lhe ligue, disse o do lado direito. Ele é da esquerda. Tem a ideia ridícula de que o futuro é que define as pessoas, quando é óbvio que é a memória do passado que lhes dá significado na vida.
Estas pessoas pareciam inteligentes ao principezinho, mas a sua conversa era estranhíssima. Perguntou o que eram.
-Nós somos filósofos. Nós damos definições às coisas.
-E para que serve isso?
-Serve para as coisas terem um sentido, eu penso que têm o da esquerda, e ele o da direita.
-Então vocês fazem com que as coisas andem ora para a esquerda ora para a direita?
-Isso é impossível, não fazemos as coisas andarem para um lado ou para o outro. Dizemos para onde elas vão, mas temos de ser inteligentes o suficiente para perceber onde elas próprias vão. A minha função é dizer que vão para a esquerda, a dele que vão para a direita. E tentar convencer o adversário da nossa razão.
-Que ganham com isso?
-Ora, quando as coisas vão efectivamente para o lado que defendemos, obtemos o reconhecimento em como as coisas foram para o nosso lado. No entanto, se o contrário se verificar, não convém reconhecer o valor do nosso adversário.
-Isso, diz o outro, porque depois o outro fica convencido de que tem razão, e isso sei eu que não tem! É complicado, chama-se retórica.
-E o que isso interessa às coisas que vocês definem?
-Ora, essa conversa não é para aqui chamada.
O principezinho foi-se embora daquele planeta, convencido cada vez mais de que os adultos são mesmo estranhos.

sábado, maio 13, 2006

O paraíso



Um dia acordei acima das nuvens. Nem quis acreditar. Quase caí das escadas a correr, com medo de perder o momento, aquele segundo que cremos dar sentido a toda a nossa vida. Saí pela porta de vidro e madeira para a varanda com aquele tronco maciço, ou assim o lembro pela medida da minha então pequena mão, aquele que me segurou enquanto viajava pelos céus. Era de manhã e todas as terras desde o Douro até Vila Real estavam cobertas de espuma branca. Nunca mais tive semelhante visão.

Recordo dos verões que passava em Lamego com uma alegria espantosa. Casas de pedra e madeira sobre a serra das meadas, uma paz e duas redes penduradas nas árvores. Monopólio e King, mini-golf! E sempre as mesmas pessoas e amigos todos os anos. E o rio, a ribeira, a natureza, os pinheiros plantados. Hoje penso que aquilo está tudo abandonado, resultado de uma gerência ingerida, e lembro-me da estupidez humana infinita que faz deitar por terra as coisas mais belas da vida.

Se houver futuro, ainda hei de convencer alguém a comprar aquilo, e a recriar de novo o paraíso.

quarta-feira, maio 03, 2006

Pensamento do dia

"Aquele que é activo como uma abelha, forte como um touro, trabalha que nem um cavalo e que ao fim da tarde se sente cansado que nem um cão deveria consultar um veterinário porque é bem possível que seja burro."

Anónimo

sexta-feira, abril 28, 2006

WAR!


A good article I have just found. When I have the proper time I will read it better, but it seems powerful.

quinta-feira, abril 27, 2006

segunda-feira, abril 24, 2006

Piranesi

Nascido a 1720 e morto em 1778, Giovanni Piranesi foi um arqueólogo e arquitecto muito famoso pelas suas gravuras do imaginário poético de Roma, de tom Romântico. Piranesi proclamava (quase hereticamente) a supremacia da arquitectura Romana sobre a Grega, e desenhava sobretudo catacumbas, ruínas e espaços quase Escherianos. De reparar que é costume não desenhar o céu, apenas uma continuidade infinita de arcos, tectos e pontes. Amostra do "sublime", espírito da Arte do século XVII e XVIII, que é uma mistura entre o horror, fascínio e sensação abismal perante o infinito, teatral. O romantismo está presente na ruína, ou seja, na presença da morte de uma civilização por ele considerada extraordinária, um fascínio pelo declínio de uma "Atlântida" clássica.

Proclamei-o porque sinto que hoje em dia se tenta reproduzir uma civilização do género da que Piranesi retratou. Abismal. Espantosa. Ultra. Giga. Tera. (Metrópolis? Quem nos dera) Pináculos ao alto. Coração em Deus. E tudo em nome do Marketing. Será isso "sustentável"? Parece-me é surpreendentemente idiota.

quinta-feira, abril 20, 2006

Pedra Filosofal


Salvé, grande Piranesi, sonhador da única verdade, profeta dos altíssimos, senhor do sublime. Dai-nos a visão de Babilónia, torre do infinito segredo, santo plano guardado às setenta e duas chaves pelos trinta e seis Senhores deste Mundo. Ó Babel, quão grande o desejo da tua infinita sabedoria e vaidade, desejo do teu púbis, da tua posse. Raínha das Vaidades e Mistérios, Grande Puta, dai-nos a tua virgindade para que nós, na nossa mesquinhez e falta de espírito te possamos violar e deglutir, como cães, como bestas que somos, arqueólogos das tuas tripas, saqueadores da tua beleza infinita.

A ti te damos todos os tesouros da nossa terra, a ti te proclamamos infinita e te adoramos, em ti sentimos o desprezo necessário, o sacrifício humano, seremos o teu cordeiro. Para sempre havemos de te construir, ó torre miserável, que apontas nefasta e impeadosamente contra o céu, contra o Falso. Agulhas telúricas de energias sublunares, criadoras de redes templárias, ó grande Rosa-Cruz, cumpra-se o teu destino, revele-se o segredo da Salvação, e morramos a seguir. À ejaculação. Ao orgasmo do Universo. Porque a seguir vem Outro, que nascerá. A grande Besta. Que destruirá. E cumprirá, o Universo.

O Segredo, a Alma do Negócio, Baphomet. Basta-me insinuar que possuo algo do Plano de Deus que tu desconheces, que tu cais aos meus pés. Rendido aos meus encantos, à minha Puta que criei e te consome. Holograma dos Anagramas, ao Homem foi dada a Palavra, a Santa, para que nós a desdenhássemos e desconstruíssemos. Para que a destruíssemos, e das cinzas nos cumpríssemos. A Jesus, o grande Bode, o Expiatório, carneiro de todos os Homens, foi-lhe dado o segredo. Pequeno. Que nos amássemos. Que nos déssemos a Deus, ou seja, à vida, ao presente, à carne, ao vinho, ao trabalho, ou seja ao amor. E que gerássemos. E que da fruta nasce a árvore, e da árvore nasce a fruta, e que merda de segredo é este?

Acreditais em algo tão simplório, tão idiota? Ridículo, meus gentios, não acrediteis em Deus, acreditai em Algo Maior. Algo Escondido para sempre e irrevelável, pois se o fosse, deixava de o ser. Eternamente Escondido, eis o verdadeiro sentido do Universo e a nós é-nos dado apenas o papel da barata tonta.

Não, minha gente. Sois tontos em ouvi-lo, ao Simplex. Continuai mas é a construir Elefantes dos Brancos, símbolo da Beleza Eternamente Escondida, fonte da maldita esperança fútil. Continuai a escravizar os outros para que Babel se construa, e para que no final da tua vida possas dizer: "matei milhões. mas por uma boa razão."

A razão de ensinares o teu filho a fazer o mesmo.

segunda-feira, abril 17, 2006

Pensamento do dia

"Tudo aquilo que algum Idiota diz que é Urgente, é algo que algum Imbecil não fez em Tempo Útil e querem que você, o Otário, se desenrasque para o fazer em Tempo Recorde!"
Anónimo

sexta-feira, abril 14, 2006

Out of Control

Atordoado, mexo-me da cama e a medo de uma recaída desço as escadas. Lentamente e com o nervosismo ressacante, apercebo-me que estou fora de perigo e reconstruo-me como a um castelo de cartas. A brisa suave decide deixar-me viver mais um momento, como um favor que irá cobrar mais tarde. De novo. Por mais um ano. O corpo deixa-se convencer pela certeza do espírito, mas não descansa nem deixa descansar: o nervo percorre o corpo incessantemente e lembra o coração da sua fragilidade carnal e do desrespeito a que não tolerará mais no futuro. Para trás a memória de um momento de vida ou de morte na penumbra solitária da noite, no qual se tem a sensação de que um momento de relaxe ou desconcentração é deixar a morte escancarar a seu bel prazer as portas do meu corpo e invadir o pulsar frenético da minha vida. No qual se tem a certeza de ouvir o diabo a quatro a tentar torcer o espírito à cobrança de todos os meus pecados, incutindo o medo do seu poder maligno infinito e imparável, inevitável. Não passa de uma distracção para que o espírito se esqueça que está a proteger o seu castelo. Não passam de mentiras que não são mais que verdades, desboroar de palavras e lógicas que não são mais do que a prova fundamental que não há na vida filosofia que salve, pedra que seja imutável.

São nestes momentos que dou graças à certeza da ressureição. Mesmo quando não acredito. Porque a vida vence, momento a momento, cruxifixão a cruxifixão, através de todas as traições, ódios, invejas e mortes - que não passam de mentiras fugazes da vida - , e é essa a verdade mais bela que existe.

quinta-feira, abril 13, 2006

13, véspera de Sexta-Feira

Certos momentos raiam o ridículo. Hoje pela manhã acordei tenso, era O DIA importante, o dia em que todas a as decisões, mal ou bem teriam q ser tomadas.
O dia começou mal, transito, uma avaria, e depois outra, e por final chatices. É incrível como o escrever pode tornar estes pequenos mas irritantes nadas detalhes irrelevantes. Hoje, 13, véspera de sexta feira deverá ser um dia parado na fábrica, prometo a mim mesmo uns momentos para apontar o que à muito me vai pela alma. Sento-me um pouco….

Mas largo tudo o qto tenho em mãos, recomeço novamente o dia, chegou uma das Urgentes (palavra demasiado séria, para no seu interior se revelar tão mundana…) pena q o seja... não está nas minhas mãos. Hoje em dia vivemos numa contínua falta de respeito, proletariado, ou patronato somos dominados por uma série de vontades alheias (o tempo nunca mais passa… nunca mais são horas de ir de fds).

Subitamente tremo, o telefone toca esganiçado, é este o momento da mentira. (conscientemente acato a teoria que se um problema só tem uma solução, esta é sempre correcta, mentalizo-me, mas as pernas parecem não concordar). Atendo a medo, gagejo,( espero que ninguém repare,) lá conto a minha mentira toda de enfiada, (o cérebro dispara… terá sido demasiado ornamentada? E os detalhes? Serão demasiados? Mas uma boa mentira tem q ter bases aparentemente sólidas…será q ele pode verificar alguma coisa? Será q qr?… vou ser apanhado..) - Quem sou eu? Neste momento sou vulnerável, sou um malabarista de circo - mas o outro lado da linha, meio a vergonha pede-me um favor, diz-me q se enganou, pede perdão, e alarga as minhas hipóteses de fuga, a mentira desmoronou-se sem sentido, o favor que a custo me pedem é a minha salvação. Tou safo!! Vou ser magnânime, e decido ajudar o próximo.
O dia parece q fica mais leve de repente... bonito e tudo.

quarta-feira, abril 12, 2006

ai a loiça!

Sou um elefante dentro de uma loja de porcelana. É impressão minha talvez, mas acho que parti a loiça toda, e não foi bonito. Pensei (e esse foi o problema, pensei) que o que isto estava a pedir era alguma da tradicional ultraviolência. Peço perdão, mas faz parte dos meus desvarios criativos partir o barro amassado e cozido para ver se estava bem forte, mau grado as sensibilidades efémeras. Hão de compreender que só com essa exigência se conseguirá chegar à porcelana, ao tal "bello sublime" por aí convocado.

domingo, abril 09, 2006

Ninguém

Ontem senti-me um idiota profundo. Fui ao café do desportivo daqui da freguesia ver o jogo do ano, aquele que iria decidir quem é que vai ser o maior dos maiores por um ano. Estava gente a jantar adornada com cachecóis do sporting, e eu e outros amigos, gente toda da claque adversária, sentámo-nos onde coubemos. O jogo começou e eu estava com uma dor de cabeça enorme, tinha empatado um jogo de xadrez de quatro horas há pouco tempo e estava arrasado. Nisto começam os comentários inevitáveis sportinguistas ao jogo, eles apenas repararam que haviam ali portistas (esses alienígenas) quando num acesso levantei-me e gritei o golo estupidamente, pois acabava eu o grito e senti toda a gente a rir-se de mim, nem quis olhar. Tinha sido fora-de-jogo. "Olha há aqui portistas!" pois há, e depois? As bocas continuam, mansinhas, qual água em pedra dura, tanto mói até que fura. Quando me deparei com aquilo que seriam "injustiças" do árbitro comecei a mandar bocas à televisão, e do Liedson, meu deus, aquilo que eu disse! A euforia aumentava constantemente. Delirante, acho mesmo que com febre. Super maldisposto, saí do encontro quase sem festejar a vitória, consciente da figura que tinha acabado de fazer. Um dos sportinguistas presentes tentou abordar-me, lancei-lhe um olhar que tentou dizer "fica para a próxima", "você é um bocado ...?", não percebi o seu adjectivo, e evitei-o a seguir. Quis evitar cenas que me lançassem na loucura total. Olhei para a porta e saí.

terça-feira, abril 04, 2006

segunda-feira, abril 03, 2006

Baco

É verdade o que dizes, mas não deixo de sentir uma formatação ainda esgalhada, forçada. Queres a toda a força ser totalmente honesto mas não consegues. A verdade é dor, e o dom dos pais é nos ensinarem a mentir. O que é a linguagem senão uma forma de afastar as pessoas? De criar uma forma de guerra? Passo a vida entre um escritório, uma residência de estudantes e uma casa de idosos, e não deixo de reparar... (aqui pensei: farei um trocadilho com a palavra "reparar"? Decidi que não, decidi fazer antes um parêntesis à moda do Antunes, e em boa verdade decidi mas é gozar com o leitor que agora por azar lê precisamente estas palavras que escrevo agora. Será que é assim que se prende o leitor? Sentes-te preso? Já me mandaste à merda não sem desprezo? Ainda não? Queres ver onde vou chegar... )

Ou apenas ver. Como é a Forma. deste texto?

Anaaalisa-o. Distorce-o. Diz que é feio, que é lindo, como se isso interessasse às palavras que lês. Não vês que elas são cegas à tua presença? Ou será que és cego? "A arte é uma mentira" lá dizia o Picasso e ninguém o entendia (...Confesso, estou bêbado, bêbado como o Baco. Mas não de vinho. Nem de almôndegas. Da vida, mas não da realidade. Da TV, da Arte, dos anúncios belos e cheios de curvas, como todos os objectos à nossa volta foram desenhados para serem os mais sexys, os mais desejáveis. Nem consigo repugnar! É tudo demasiado Belo! Enchem-nos os sentidos até ao esófago e exigem-nos criatividade, não me admira que todos os meus colegas pareçam regurgitar o seu trabalho.

(aqui perdi um pouco a minha sinceridade. Ali em cima pareceu-me mais giro, mais belo.

Belos parêntesis, vejam bem, como a arte é. Nem sequer fechei o anterior para criar uma suspensão na respiração do leitor. Agora não sabes se ele acabou ou não. Usa todas as armas para interessar o leitor, dar-lhe! uma! experiência estética!

Pois pois... Freud delirante é o que chamo ao mundo, eu o velho do restelo... eu eu. Eu?Sim eu. Digo mal pois digo, não é por acaso que escolhi ser do FCP, pois irritavam-me todos esses seres benfiquistas que diziam "ganhámos ganhámos", quando no fundo apenas ganharam uma cara de aparvalhados ao mesmo tempo que perderam o dinheiro das suas quotas e bilhetes. Ridículo? Mas o que andamos aqui a fazer? (é. aqui perdeu-se a linearidade textual, onde se denota demasiada vaidade para tão mau gosto) Gastar pilhas em videojogos "reais"? A vida é um flirt? (...ui ui, isto tá a piorar! Agora entrámos nos lugares-comuns...) Mas que merda! Deixem-me em paz! Parem de analisar! Digam coisas! (ah, bem feito bem colocado. boa passagem de elementos retóricos reais para um mais surrealista, uma passagem de profundidades). Será possível ainda dizer alguma coisa? (mas que harmonia de elementos! Repare-se como o autor mistura dois tempos, criação e crítica num único espaço, desconstruíndo-os, agora entende-se onde o autor queria chegar! Brilhante!)

- Ah mas eu não sou de tal opinião. Isto de ter um escritor que faz de criador e crítico da sua própria obra parece-me mais um sintoma de grandiosidade misturado com autismo grave.
- Capaz... mas lembra-te que também nós não passamos de pensamentos do mesmo.
- E daí? Devo homenageá-lo por isso, não? Ainda por cima tem falta de imaginação e tenta enganar os seus amigos com um pretensiosismo destes! Cá uma lata!.... e não pára!
- Pois é. Já farta.

Farto.
Sinto-me anestesiado por tanta beleza,
farto de tanta estética.
farto de tanto espelho mágico.
Farto da palavra.
e do verbo.

Anesteticizado.

...
Yo ho ho and a bottle of rum!

quinta-feira, março 30, 2006

Seven

Recordo dias em que sonhava de olhos fechados, hoje vivo dormente como se sofresse de uma falta de objectivos, de uma raiva miudinha: por ser vulgar; um desprezo pela anestesia que domina a minha vontade. A carne gulosa continua a almejar, a preguiça a espicaçar, a inveja e o orgulho a conduzir os desejos, mas a ira já não arde dentro de mim… sinto avareza para com os sentimentos, tudo me parece ridículo… o belo sublime parecem conceitos tão mundanos que me repugnam.. não consigo criar nada de verdadeiramente original, mas tb não o desejo, certamente já não tenho paixão por coisa alguma... alguns dias a única coisa que me move é a latência e o peso da rotina. Quero voltar a sentir-me uno com os dias de verão, desabrochar como as plantas na primavera, quero sentir de novo a luxúria de estar com os amigos que gulosamente me rodeiam, sentir orgulho em detalhes perecíveis, e invejar, oh sim… e voltar a invejar… seria formidável!! A inveja é o mais mundano sentimento humano depois do amor…

quarta-feira, março 22, 2006

A garota de "ipanema"

Hoje ainda meio adormecido, e anestesiado pelo bagaço e sande(s) de coirato(s) q a taberneira me fiou como pequeno almoço, vejo ao meu lado a única moça a quem nunca consegui chamar gaiija, (feito notável para qualquer outro humano, leite morninho para este em particular). Sorrio, ligo o carro, dou os bons dias, e penso que somos uma manta de retalhos sociais.
Sigo os meu caminho para mais uma jorna de trabalho; mas fica uma sensação de divisão, como se levasse (ou fosse) dezenas de outras pessoas, divididas em pedacinhos e detalhes de momentos pequenos e sem importância de histórias grandes. (A estrada continua a nascer à minha frente, fujo para a frente… sempre em frente rumo ao nascer do sol...) São situações que o tempo caprichosamente descarta como passado, recordando apenas os momentos especiais, um pouco como fotografias desfocadas que guardamos por motivos sentimentais…
Ela seguiu, e eu pensei… curioso como um pequeno pedacinho de história nos pode afastar tanto, mas ao mesmo tempo fazer tanta falta... regras de moral desta sociedade…cheguei ao destino, desligo o motor, saio do carro, sigo o meu caminho... não há mais nada que eu possa fazer…

segunda-feira, março 20, 2006



.... e um dia a arte irá salvar o mundo...




Poetas de Todo o Mundo Uni-vos!

domingo, março 12, 2006

E a noite começou

E a noite começou, tenho evitado um pouco escrever, mas com o cair da escuridão fica mais difícil evitar os silêncios, e as sombras tornam-se gigantes e o cérebro dispara com um motor de formula 1 em aquecimento para a grande corrida vida.

Sinto-me cansado das pessoas que me rodeiam, de toda a rotina uma rotina sem sentido, de ser um aprendiz de capitalista bem sucedido, esperam de mim, aquilo que bem lá no fundo eu sei q já o sou… palavras não fazem sentido, expectativas, é tudo uma questão de expectativas, não me interpretes mal, sei bem o que sou, quem sou, e quais são as minhas limitações. Trabalho faz agora pouco mais de 1,5 anos. Sou engenheiro, e não faço a mínima noção do que isso significa, pessoas tratam-me com respeito, algumas com admiração, a maioria com inveja, no entanto todos os dias me levanto com um sentido de injustiça na minha cabeça.

Caminho para o quarto de século, como alguém q me é mto querido dizia “começo a ter uma história” começo a ter capacidade para deixar a minha marca neste mundo. Todas as pessoas a minha volta se estão a tornar adultos, alguns casam, outros fazem planos a dois e planeiam filhos, compram casas e decidem o que querem e como querem estar daqui a 30anos. Mais do que todos esses contratos (um filho ñ deixa de ser um contrato a 20 anos) acho q essas pessoas implicitamente estão a decidir que marca querem deixar neste mundo. Com isto quero dizer que a maior parte das pessoas quer dizer q ñ decide coisa nenhuma e acaba por decidir ñ fazer coisa nenhuma. Alguns casam pq estão na idade, outros têm filhos pq o tempo não perdoa, e outros… outros ñ decidem e deixam q seja o acaso e a boa fortuna que os guie.

A verdade é q tenho 25 anos (mal feitos) e ainda ñ desisti de mudar o mundo. Todos os dias convivo com injustiça e ñ consigo aceitar que pessoas ñ explorem totalmente todas as suas capacidades, pessoas que simplesmente não têm disciplina para serem melhores, pessoas mesquinhas que não têm visão para crescerem e saírem da merda alegre que é as sua vida. Dizem que a uma pessoa basta ver satisfeita as suas ambições para ser feliz, devo ser bastante ambicioso pq vejo a felicidade estampada na cara de outras pessoas e definitivamente não é aquilo que quero para mim. Decidi deixar uma marca minha neste mundo. Abanar as suas estruturas e revolucionar a sua existência, mas lentamente estou a ser alterado pelas engrenagens silenciosas que o regem.

Hoje reli velhos textos de quando entrei para a faculdade. “ o ist é uma maquina trituradora de homens, primeiro retira-lhes a identidade, o nome próprio, atribuindo um estatuto, uma farda, um uniforme, deixamos de ser o Fonseca, o Rocha, o Abrantes e o Francisco e passamos a ser o Engenheiro, não importa o nome.. somos maquinas bem treinadas e oleadas, a vida ñ tem importância e as relações pessoais são meros acessórios, vão quebrar o meu espírito e eu vou adorar. Só espero que me torne numa pessoa melhor”

Sinto-me exactamente como me sentia naquela altura, sinto que mais uma vez me estão a quebrar, desta vez de uma forma mais definitiva, julgo que a palavra correcta deveria ser formatar, estão-me a formatar num empresário, numa pessoas consciente, já cheguei a ter 20 famílias a dependerem dos meus actos, se fizer muita asneira são eles que sofrem, se ñ as fizer… sou eu q ganho os louros. É estranho adaptar-me e este uniforme de gente grande, de ser o rei do meu castelo, de ter os meus pais a pedirem-me conselhos, qdo o normal seria o inverso. Mais uma vez estou a alterar a minha forma de ver o mundo, estou a descobrir que existem injustiças que não podem ser alteradas, e que no fundo, no fundo não são injustiças, e que determinadas igualdades também não podem ser comparadas, e que tudo, mas mesmo tudo é possível, e q apesar de tudo poder ser comprado, o dinheiro não paga tudo.

Dizem-me que a minha educação me eleva dos restantes mortais, todos os dias contacto com banqueiros, doutores, políticos, gente rica e poderosa, e falo qse sempre de igual para igual com eles, por outro lado muitas vezes encontro gente sem eira nem beira que vive como se tivesse o mundo na barriga. Antes de ir trabalhar para uma das zonas mais pobres do pais (a segunda) jamais acreditaria/aceitaria qdo me diziam que algumas pessoas valem mais do que outras… mas é a mais pura das verdades, sinto-me intelectualmente superior a algumas pessoas… e de certa forma isso envergonha-me… sempre me ensinaram que somos todos iguais... mas… algumas pessoas esforçam-se por serem menos iguais do que outras… é algo q é mto difícil de exteriorizar para qm ñ vive as situações, mas de facto se a sociedade se estratifica é mesmo pq é necessário essa estratificação, de facto nem todos podemos ser engenheiros nem arquitectos, nem médicos… é preciso uma massa de gente que sustente, uma das minhas ultimas descobertas obvias, é q pertenço a uma elite, uma classe que teve o privilégio de se poder instruir, uma série de gente que gosta de se instruir, que gosta de viajar, de ler, de ir ao cinema, e de conhecer um pouco melhor o que a rodeia. Nunca me apercebi que existia essa elite, sempre vi julgue toda a gente pelos meus parâmetros e valores perante a vida… acho q sempre vivi num berço dourado, rodeado por amigos cultos, eu q sou uma desgraça a português, nunca tive q ensinar pessoas da minha idade a ler, a falar, a ter hábitos de higiene básica. É chocante, mas é a mais pura das realidades.

Ter aceitado um trabalho a 75km da minha residência abriu-me alguns horizontes, faço parte de uma empresa com um crescimento exponencial, (para vocês colegas desta recém descoberta elite direi mais; uma verdadeira cash cow!) lido com este tipo de pessoas que desconhecia, e todos os dias aprendo coisas novas, por outro lado, estou longe das minhas raízes, deixei os meus amigos para trás, passo dias sozinho sem ninguém inteligente com que falar. Conheci o pais de lés a lés, visitei locais que de outra forma jamais o faria, entrei em contacto com um Portugal profundo multicultural que 99% das pessoas desconhece, posso com orgulho dizer que já comi numa taberna na provinciana freguesia de Martinlongo (um café, uma igreja, 20 casas desabitadas, 10 habitadas e mais recentemente um parque infantil) e no mais fino dos restaurantes de vila moura, e que isso mudou a minha forma de ver o mundo. Já comi fiado, paguei adiantado, comi em andamento, fui expulso de um banco, paguei cafés a inimigos mortais, e sobrevivi, mas criei uma pele que me transformou em indiferente.

Ontem tive a oportunidade de assistir a um por do sol que só posso descrever como deslumbrante, e para mim foi-me indiferente, hje passei a tarde com amigos… e foi-me indiferente… não sei… desejo ardentemente qq coisa que não consigo descrever. Algo mais, transcender-me. ser maior do que a própria vida.. Talvez a forma de deixar a minha marca neste mundo. Sim deve ser isso… só pode…

segunda-feira, janeiro 02, 2006

Resoluções de ano novo

Passam 2 dias do começo do ano do fim do mundo. Mais um ano da besta teve início.
Passam 2 minutos que comecei a bocejar. O sono da apatia mais uma vez instala-se. Invade a alma, instala-se no cérebro e faz com que tenhamos vontade de ligar a tv. Mas não… vou resistir…

Este ano não fui festejar o ano novo para a rua. Fiquei dentro de portas, protegido por amigos. Decidi reduzir um feriado estúpido aquilo que ele significa. Mais uma noite… ao menos que seja uma desculpa para jantar com alguns amigos (uns mais do que outros…).


Todos os anos os pessimistas festejam o final do ano, e os optimistas o inicio de um novo, e todo os anos as minhas entranhas oleosas odiaram este feriado. Como é sabido, um ano, demora exactamente 365d 6h 09m 10s ou 365,256363 dias (o q aliás explica a existência de anos bissextos e as correcções q é necessário efectuar no inicio de cada milénio). Transcorrido esse intervalo de tempo o planeta terra volta exactamente à sua posição de partida, ou voltaria se além da rotação e da translação não existissem movimentos de precessão, nutação, movimento dos pólos, movimento espacial do Sol com relação às estrelas da Galáxia e movimento de rotação da Galáxia. (Só da nutação são conhecidos 106 movimentos diferentes, com períodos que vão de cerca de 19 anos até alguns de poucos dias.).


Toda esta argumentação académica para explicar que de facto quando fazemos aquela contagem decrescente, que termina invariavelmente com uma garrafa de champanhe aberta, panelas a bater nas janelas e fogos de artificio na varanda, não estamos a celebrar nada de verdadeiro. O ciclo não se fechou, alias, os jornais são os primeiros a nos mostrar que nada mudou no mundo, continua a haver a mesma merda de todos os dias, guerra nos países pobres, intrigas politicas e lutas plo poder nos países ricos… se estivéssemos na lua por exemplo, de 28 em 28 dias tínhamos uma desculpa para ficarmos bêbados e fazer-mos figura de parvos… o que aliás é o único sentido que vejo nesta festa.

serviço publico

Já agora que estou neste assunto faço também um pouco de serviço publico: O período de rotação da Terra, ou seja, o tempo para que ela gire de 360 graus em torno de seu próprio eixo, é de cerca de 23h56m04s, ou seja, cerca de 03m56s mais curto do que a duração média do dia, já que para este último caso, contribuem tanto o fenómeno de rotação como o de translação.

(chama-se a isto elevar o nível de cultura do nosso blog...q grande pinta... cheio de numeros e expressões cientificas... até parece q não copiei isto da enciclopédia do tótó do meu vizinho... hehe)