sábado, maio 13, 2006
O paraíso
Um dia acordei acima das nuvens. Nem quis acreditar. Quase caí das escadas a correr, com medo de perder o momento, aquele segundo que cremos dar sentido a toda a nossa vida. Saí pela porta de vidro e madeira para a varanda com aquele tronco maciço, ou assim o lembro pela medida da minha então pequena mão, aquele que me segurou enquanto viajava pelos céus. Era de manhã e todas as terras desde o Douro até Vila Real estavam cobertas de espuma branca. Nunca mais tive semelhante visão.
Recordo dos verões que passava em Lamego com uma alegria espantosa. Casas de pedra e madeira sobre a serra das meadas, uma paz e duas redes penduradas nas árvores. Monopólio e King, mini-golf! E sempre as mesmas pessoas e amigos todos os anos. E o rio, a ribeira, a natureza, os pinheiros plantados. Hoje penso que aquilo está tudo abandonado, resultado de uma gerência ingerida, e lembro-me da estupidez humana infinita que faz deitar por terra as coisas mais belas da vida.
Se houver futuro, ainda hei de convencer alguém a comprar aquilo, e a recriar de novo o paraíso.
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