Este planeta era ainda mais estranho do que os anteriores. Nele estavam duas pessoas sentadas nas suas cadeiras conversando um com o outro numa mesa, e pareciam irritados um com o outro.
-Bom dia. Porque discutem um com o outro?
-Ora, respondeu a pessoa da esquerda, porque o meu amigo pensa que o lado direito é melhor que o esquerdo! Quando é óbvio o inverso!
-Porque é óbvio o inverso?
-Ora porque o direito não tem futuro.
-Não lhe ligue, disse o do lado direito. Ele é da esquerda. Tem a ideia ridícula de que o futuro é que define as pessoas, quando é óbvio que é a memória do passado que lhes dá significado na vida.
Estas pessoas pareciam inteligentes ao principezinho, mas a sua conversa era estranhíssima. Perguntou o que eram.
-Nós somos filósofos. Nós damos definições às coisas.
-E para que serve isso?
-Serve para as coisas terem um sentido, eu penso que têm o da esquerda, e ele o da direita.
-Então vocês fazem com que as coisas andem ora para a esquerda ora para a direita?
-Isso é impossível, não fazemos as coisas andarem para um lado ou para o outro. Dizemos para onde elas vão, mas temos de ser inteligentes o suficiente para perceber onde elas próprias vão. A minha função é dizer que vão para a esquerda, a dele que vão para a direita. E tentar convencer o adversário da nossa razão.
-Que ganham com isso?
-Ora, quando as coisas vão efectivamente para o lado que defendemos, obtemos o reconhecimento em como as coisas foram para o nosso lado. No entanto, se o contrário se verificar, não convém reconhecer o valor do nosso adversário.
-Isso, diz o outro, porque depois o outro fica convencido de que tem razão, e isso sei eu que não tem! É complicado, chama-se retórica.
-E o que isso interessa às coisas que vocês definem?
-Ora, essa conversa não é para aqui chamada.
O principezinho foi-se embora daquele planeta, convencido cada vez mais de que os adultos são mesmo estranhos.
1 comentário:
PORRA É QUE ESCREVO MESMO MAL!
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