quinta-feira, março 30, 2006

Seven

Recordo dias em que sonhava de olhos fechados, hoje vivo dormente como se sofresse de uma falta de objectivos, de uma raiva miudinha: por ser vulgar; um desprezo pela anestesia que domina a minha vontade. A carne gulosa continua a almejar, a preguiça a espicaçar, a inveja e o orgulho a conduzir os desejos, mas a ira já não arde dentro de mim… sinto avareza para com os sentimentos, tudo me parece ridículo… o belo sublime parecem conceitos tão mundanos que me repugnam.. não consigo criar nada de verdadeiramente original, mas tb não o desejo, certamente já não tenho paixão por coisa alguma... alguns dias a única coisa que me move é a latência e o peso da rotina. Quero voltar a sentir-me uno com os dias de verão, desabrochar como as plantas na primavera, quero sentir de novo a luxúria de estar com os amigos que gulosamente me rodeiam, sentir orgulho em detalhes perecíveis, e invejar, oh sim… e voltar a invejar… seria formidável!! A inveja é o mais mundano sentimento humano depois do amor…

2 comentários:

Pirata disse...

Bom! Muito bom!

Barba Rija disse...

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

... finge mas é pró outro lado.

...
... inveja diz ele. Hah!
Falam falam.