sábado, novembro 27, 2004

[I Wanna outrace the speed of Pain / For another day]

Há vezes em que acordo dormindo, o dia passa e na memória fica apenas um dia riscado no calendário. Nestes dias vejo tudo com os olhos em bico. Imaginem um filme em pal super super plus, 160:9 ou coisa parecida. Nunca vejo o sol, apenas o crepúsculo de uma civilização em ruínas com os olhos cansados. [The last day on Earth].
Futuro inatingível, Passado inexistente. O eterno presente encharcado em fugas vícios e drogas que nos liquidificam até nos tornarmos indistintos e indissociáveis do fluído orgástico.
A dor é a única coisa que temos que ainda resiste a este torpor inevitável.
A dor do vazio, o medo do não porvir do qual eternamente fugimos e adiamos.
O medo do confronto com o nosso destino.
A sua negação até.

É este medo que nos faz questionar. Medos opostos que se combatem pelo vazio e pela plenitude, uma dúvida permanece e requer resposta imediata, à face de rotura do pêndulo: será a verdade atingível e será ela fundamental para a beleza? Tem o infinito resposta?

Em verdade vos digo. O Homem moderno e pos-moderno diz que não. Jacques Derrida, desconstrutivista-mor: The number of concepts is so large and enormous, and its play so unpredictable that no man can construct the true concept system. A verdade é inatingível pelo Homem. Relativismo Total é a única coisa que realmente existe. Estas próprias palavras são corruptas (pois partimos do princípio que SABEMOS o que elas querem dizer...), todo o Mundo é inatingível.

Pare-se de escrever. Somos apenas ruído que sonha com pedras, areias solipsistas a bailar no universo. O Cubo não existe, só existem espelhos que se reflectem uns aos outros. Smoke and mirrors. Fractais no universo que formam imagens de fluídos turbulentos que não são nem belos nem feios, apenas são.

Pare-se de falar. Tudo são sons ininteligíveis pela incapacidade inata do ser em compreender o Outro, diga-se a "verdade", não se fala, discursa-se. Não se dialoga, monologa-se. TU não existes, só existo EU, ou vice-versa no caso do leitor: EU não existo, só TU existes.

Pratique-se a liberdade. Fodamos até mais não, desde a perda da nossa virgindade à nossa transformação em proxenetas. I am not in love but I'm gonna fuck you till somebody better comes along.

I breathe.... for what?

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