terça-feira, novembro 30, 2004

Direito ao contraditório

E assim somos introduzidos numa temática metafísica, pseudo intelectual e com tal armada de argumentos vazados de sentido real. O que nos leva a concluir que todas as argumentações são inúteis e vazias, uma vez que não passam de um mero exercício de expressão de raciocínios encadeados, e que apesar de fundamentados por uma lógica nunca poderão vir a ser provados concretamente recorrendo a provas de facto.
Parte do meu ser reclama como verdadeira a premissa que afirma sermos parte de um grande todo, reclama como certa a teoria que existe uma força superior que nos rege, uma equação suprema e definitiva que explique sem margem para dúvida a rotina quotidiana que nos rege. O pêlo encara a realidade, ou deverei antes dizer a Verdade como um prisma, em que um observador apenas consegue enxergar uma face, ou quanto muito uma aresta. Nesta teoria a verdade é algo palpável, real e que está perante a nossa frente, mas que por motivos obscuros os nossos sentidos não conseguem traduzir para uma realidade cognitiva palpável, transmissível e aceitável pelos outros. A verdade vai sendo revelada a medida que andamos de volta do mesmo conceito onde várias pessoas olham a mesma coisa e obtêm resultados diferentes. O Pêlo acredita que esse é o único processo para a filosofia atingir o seu fim supremo: a descoberta do conhecimento ultimo.
Será talvez deformação profissional, talvez tacanhez, ou até quem sabe má vontade, mas desde a muito que nunca aceito o conhecimento que os outros me oferecem de borla… e será talvez por isso que afirmo que o conceito de verdade é algo que não existe. Trata-se de um conceito altamente pessoal, aquilo que um aceita como verdade pode ser considerado incorrecto por outro. A verdade é que o conceito de verdade é extremamente relativo…trata-se um conceito com um sem fim de condicionalismos… a verdade é influenciada pela história, pela sociologia, pela liberdade… enfim pela moral.
Tentando simplificar um pouco a teoria a verdade é que não existe uma verdade única para a mesma questão, mas verdades múltiplas. E cada verdade encerra em si um sem fim de condicionalismos que a torna única. Tentado retomar a alegoria do pêlo, se a verdade fosse um cubo, estaríamos constantemente a descobrir novas facetas desse mesmo cubo, entrando em novas dimensões do espaço-tempo. Poderá mesmo dizer que sendo um conceito intimamente ligado com a moral de uma sociedade é algo em constante mutação e que a ter um fim significaria a sintonia de todos os seres humanos, o pensamento unificado, algo que estará mais próximo de uma série de computadores do que um conjunto de seres humanos….
Mas se a verdade não existe entramos aparentemente numa contrariedade… se ela não existe, então a afirmação que acabei de produzir não tem qq significado, pois tb ela é desprovida de verdade… mas trata-se de uma falsa questão. Ainda a pouco vinculei a minha verdade a um conceito espaço-tempo-moral. Ou seja neste instante em que escrevo esta é a minha verdade, o que não significa que seja a verdade do leitor, ou a verdade do pêlo. Mas por outro lado isso tb ñ qr dizer que a sua indesejado leitor seja uma verdade errada… mas apenas incompleta. Um problema para estar completo tem que abordar todas as perspectivas, até mesmo as erradas, porque quem sabe visto de um outro ângulo essa pode ser a resposta correcta, ou de novo a errada, mas que ajudou a confirmar que a que considerávamos correcta era de facto a nossa verdade.
A verdade é que andamos nesta vida não em busca de felicidade… isso é uma ilusão… qtas e qtas vezes ñ optamos por atitudes que nos afastaram desse objectivo? Andamos nesta vida para viver… para apreciar o momento e para deixar junto do nosso semelhante a melhor das impressões e assim ajudar a criar um mundo melhor… é essa a minha visão romântica da questão…. Mas isso já é tema para um post completamente diferente….

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