segunda-feira, março 09, 2009

Bauchelard vs Séc. XXI

O solipsismo do poeta enclausurado na cabana da montanha, no seu sopé, envolto no inverno a ler Bachelard ou Elíade, enquanto inspira o espírito onírico do ópio está carregado de nostalgia. O ventre que se encolhe para aconchegar o seu fruto, a casca que protege a noz, do cosmos, do furioso não-ser, do vazio. Neve, símbolo do inanimado, da morte, intensifica ainda mais o significado íntimo da cabana, do seu calor. Da suas paredes grossas e opacas. O lar que aquece o interior carregado de memórias.

Por outro, a transparência. a ausência de grossura, a determinação das formas pelo mínimo que se lhes exige, e pelo máximo que a sua tecnologia permite. O mínimo. Urbanidade, Cosmopolita. O cosmos enquanto casa, os céus controlados e determinados pelo ser que o habita, sem necessidade de se encolher. A não-identidade, fluidez, amálgama de várias células que deixaram de ser autónomas. Cidade onírica que substitui o ópio. E que exige que o solipsismo. Seja obsoleto.

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