Uma percepção invade-me sempre a minha mente, aparentemente eterna sorvedoura de material de pensamento, sempre intrigada com possibilidades e receios, oportunidades e loucuras. Como separar o trigo do joio? Será a visão do todo separada da minha visão pessoal irremediavelmente? Deverei evitar qualquer discernimento sobre o mundo? Concentrar-me sobre o "inner-self", este mundo tão "belo", numa orgia masturbatória que se escape às diatribes conspiracionistas de outro modo inevitáveis?
Pergunto-me. Será o mundo intocável, impenetrável, diferentes cubos para diferentes pessoas, a cada um a sua lógica pessoal? A cada um a sua liberdade? E para quê esta liberdade toda? Qual a sua função? O que nos permite ela fazer? Foder a vizinha sem preocupações posteriores?!?
E se a cada um a sua vida, restar-nos-á apenas as nossas memórias da infância inexistente como literatura possível? A máxima tolerância pelo outro acoplada à mínima atenção, reconhecimento da verdade do outro?
Existirá a verdade? Como separar a teoria mais realista e confiável da pura especulação conspiracionista? Pensem um pouco nisto. Sempre se vê a lição do Pedro e do Lobo como uma questão moral que se impôe ao Pedro, mas ninguém se pergunta sobre a lição que a sua aldeia não retirou: como discernir entre a partida e o relato desesperado?
Será a visão de Einstein e de Darwin assim tão "verdadeira" como isso, o que as separa da ficção?!?
Vejamos a sociedade por este prisma. Pedros não nos faltam, acossando-nos constantemente sobre os perigos iminentes, escândalos políticos ou judiciais, fraudes gigantescas, big brothers mundiais que nos controlam e escravizam, um planeta inteiro engrenado na auto-destruição.
Como não poderia a enorme aldeia das massas se alienar com tanto barulho? Tanta idiotice à volta de um "problema grave de saúde pública" como o aborto, quando morrem por dia tantas mulheres em acidentes de automóvel como por ano por causa do aborto?
Problema de saúde pública? Tão problema como a Gripe das Aves, que é A doença menos mortífera do mundo alguma vez conhecida (e vejam a mediatização...)
Tanta idiotice à volta do caso Camarate, Casa-Pia, Apito-Dourado, raptos ou adopções de sargentos bem intencionados?!?
Tudo isto enquanto há guerra? (e onde o referendo sobre a nossa participação na invasão?) Tudo isto enquanto há milhões de pessoas a morrer por falta de condições? (Lá vem ele!) É verdade, porra. E o que fazemos nós? Que mundo desejamos, desejamos, construir? Palavra chave: desejamos... Desejamos ainda seja o que fôr?
(Who cares?)
Como não poderia a enorme aldeia das massas gostar tanto de futebol, de vinho, de sexo e noites para esquecer?
2 comentários:
LOL
tens toda a razão... deve estar a fazer 1 ano q discutiamos a problematica da verdade ser individual, e como tal ñ ser atingivel... todos os dias somos bombardeados pela verdade de outras pessoas e de outras gentes que parecem não viver no mesmo mundo do que nós.. pelo menos não na mesma realidade. concordo contigo, os média estão cada vez mais sessionalistas, mas o problema é que as pessoas cada vez mais gostam de se preocupar... cada vez menos fugimos de pensar na nossa vida e preferimos dedicar as nossas preçes e preocupações com a vida dos outros e com possibilidades infinitesimais. o aborto é uma questão de principio. cada um deve sentir-se bem consigo mesmo. posso concordar ctg e ser incapaz de fazer um aborto, mas sinto obrigação de respeitar qm tem opinião diferente da minha... e se conseguem viver com a sua consciencia... acho q devem ser livres de os praticar. aceitar o aborto é dar um passo no sentido da anarquia. e confesso q sou acredito q já ñ vivemos um tado de direito faz muito tempo... cada um faz o q qr e bem lhe apetece... a selva está lá fora.... é a lei do salve-se qm puder... apenas basta formalizar aquilo q já se sente na pele...
já ñ acredito nem na monarquia nem na republica...
Sim eu sei... mas acreditas que algumas personalidades do "sim" (que lutam pelos tais "direitos" de fazer o q lhes apetece) já falam na legislação de uma lei que obrigue uma pessoa a votar, como acontece no Brasil e assim? Parece contradição? Não é. Vê as restrições que somos forçados a aceitar por razões de "segurança".
Simplesmente o que vivemos não é um crescendo de anarquia, mas uma desinformação e confusão crescentes em que não existe uma "ideia" geral, uma "ideologia", mas sim um pragmatismo atómico, focando cada problema separada e diferencialmente. "Micro-management", assim lhe chamam na Inglaterra, creio eu.
Em relação ao "salve-se quem puder", tenho umas teorias interessantes que descobri. Depois faço uma posta sobre isso.
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