quarta-feira, dezembro 28, 2005

Leituras I

Tou a ler Nietzche: Thus Spoke Zarathustra, versão inglesa que foi a única que encontrei na net. Não que me interesse muito o Nietzche senão para compreender a idiotice filosófica a que chegámos. Só uma mente brilhante conseguiria destronar toda uma cultura e ser tão aplaudido e ajudado nessa tarefa, o comum nestes casos é ser desprezado como um anárquico e inútil, não foi o sucedido. Bem, até nem estava muito concentrado, mas logo que comecei a ler, insurgiu-se-me em mim uma gargalhada tal que me entusiasmou por de maneira a continuar. Sei que aos vinte e três anos é já um pouco tarde para isto, mas para quem ainda se entusiasma ao ler o Asterix, hão de me perdoar a minha flatulência...

Cito a primeira fala do sr. Zarathustra, que para mim é das melhores tiradas de sempre, no fundo a razão de ter criado este post:
«...he went before the sun, and spoke thus to it:
"Oh great star! What would your happiness be if you did not have us to shine for? »

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Gerrit Van Honthorst

Pintor do século XVI também conhecido por Gherardo della Notte, foi um pintor holandês do Utrecht, bastante influenciado por Michelangelo da Caravaggio. Com ele desejo-vos um bom natal!

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Liberdade e Utopia

«A liberdade, Sancho, é um dos mais preciosos bens que os céus jamais deram aos homens; nem os tesouros que a terra encerra e que o mar cobre são comparáveis a ela; para a liberdade, como para a honra, pode-se e deve-se pôr em risco a vida»

D. Quixote

A liberdade é um fenómeno de satisfação de um desejo. Se um filho deseja sair à noite e o pai não deixa, a sua fúria é apenas o sinal da sua insatisfação desse desejo: a sua falta de liberdade. A liberdade é também, paradoxalmente, o maior desejo da sociedade actual, que luta por ela. Deseja-se ter a liberdade de possuir ou alcançar a liberdade. Deseja-se a liberdade de termos a liberdade de ver satisfeitos os nossos desejos.

Este desejo é aquele que comanda hoje em dia a sociedade, aquele que quer libertar a opção dos casamentos homossexuais, a opção do aborto, a opção da eutanásia, a opção de termos realmente uma voz na sociedade, a opção da democracia, a opção da feminização do mundo, a opção de podermos usar embriões na ciência, a opção de libertar o Homem das suas prisões, das suas amarras modernas.

Mas o que alimenta o Homem deste desejo? Não é óbvio que os rebuçados que nos deram enquanto crianças (e nos satisfaziam) não nos são já suficientes? Não é óbvio que uma pessoa que lute por uma casa e finalmente a obtenha se sinta insatisfeita com isso e ponha em prática um novo plano para comprar um iate? Será que não é óbvio que sempre que os planos são cumpridos, sabe a pouco? Não, nada disso basta, poderíamos ter o sucesso que pretendíamos, e dizer: «em Roma apoteose, e com isso?»

Lembrar-me-ia de outra frase: «O que um Homem busca nos prazeres é um infinito, e ninguém renunciaria jamais à esperança de alcançar esta finalidade» (Pavese) Claro que isto é questionável. Existe muita gente que já renunciou à hipótese do infinito, ela é irracional. Mas não terá esta gente desistido da sua "Liberdade"?

A Liberdade "prende-se" sempre com um desejo do Bem, e na nossa aderência a esse Bem! Só sou livre quando me sinto EU, ou seja, quando persigo na minha liberdade aquele Bem que desejo, que está no infinito. (Faltará a satisfação desse Bem na minha vida? E que Bem será esse que não o Amor? Então o meu desejo é simplesmente ser amado?)

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Todas as Utopias são um desejo. São um sonho que um Homem um dia teve, e que deseja satisfazer, cumprir na realidade. O desejo de uma sociedade fraterna e comunista, por exemplo. Ou o desejo de uma sociedade livre em que todos façam aquilo que entenderem, por outro exemplo. Ou o desejo de uma sociedade hierarquizada e ordenada. Ou etc. Dadas tantas utopias a escolher, como escolher?

A Liberdade é a adesão de uma escolha. A escolha de um Bem. No outro dia, ouvi uma mulher a contar que tinha feito um dia uma certa pergunta. Estava indecisa: gostava de dois Homens e não sabia com quem passar o resto da sua vida. Tinha a alegria de poder amar alguém mas o medo de perder o amor do outro. Esperava que lhe indicassem um critério, uma maneira de avaliar, qualquer coisa que desempatasse a questão. Responderam-lhe: "a solução que deves escolher é aquela que te permite não perder nenhum amor". Antes ganhar os dois.

Parece paradoxal e inverosímil mas é a única boa resposta, é a única que nos preenche. É a única Utopia pela qual vale a pena lutar e "pôr em risco a vida". É Anti-Maquiavélico, pois não rescinde de nenhum Bem por outro. É com este critério que proponho que nos coloquemos perante todas as questões da nossa vida, essa verdadeira Utopia. Difícil? Diria impossível, mas a única realmente verdadeira.

E não, este não é um post sobre o relativismo, embora roce na minha crítica ao mesmo, nem tão pouco ao Aborto ou à Eutanásia ou outras mesquinhices, é sim um apanágio à Liberdade, tema tão a propósito numa quadra de Natal, onde muitos festejam o nascimento da revelação da mesma.

Feliz e Belo Natal (Livre!) para todos vós

Who laughs last?

Friedritch Nietzche: "God is Dead"

God: "Nietzche is Dead".

Cânticos de Natal e não só I

Povera Voce

Povera voce di un uomo che non c'è
La nostra voce se non ha più un perchè
Deve gridare, deve implorare
Che il respiro della vita non abbia fine.

Poi deve cantare, perchè la vita c'è
Tutta la vita chiede l'eternità
Non può morire, non può finire
La nostra voce che la vita chiede all'Amore

Povera voce di un uomo che non c'è
La nostra voce canta con un perchè