Arq. Pedro Janeiro, Assistente Estagiário da FA.UTL
"Lembro-me muito bem daquela criança de bibe riscado. Pintou no primeiro dia o céu de escarlate. Encarnado vivo. Sagrado.
"A criação artística é propícia, mais do que em qualquer outra actividade, à revelação do Sagrado no gesto do Homem no Mundo. O Gesto incompreensível dá lugar à vida. Forma que nos salva do nada. Ex Nihilo.
"É sempre um acto renovado olhar e ver a cor do Poente.
"A criação artística distingue-se da produção, do trabalho e da técnica. Não da vida. Pertinência e Unidade que sublinha o limite da razão. Ratio. Cálculo. Conta.
"O coração que nos confirma a presença e supera a contradição entre os sentidos e a razão. O Gesto possibilita a fuga possível do Vazio primordial. Caos renascido a cada passo que simboliza a derrota do espírito humano perante o mistério da Existência.
"Esse Vazio, a que Braque chamou perturbação, antecede o Gesto, como Noun antecede o nascimento de Ra, deus que é maior e mais poderoso que o seu próprio criador.
"A impressividade do Caos, personificação e memória do Vazio primordial, incita o drama e a dor do Gesto que ordena os elementos do Espírito.
"Como dizer na tela as palavras mais amadas apaixonadamente?
"Pelo Gesto o artista chama à existência a Forma e partilha com o Divino o seu poder criador.
"Meu céu azul Encarnado vivo."
Aconselhável a leitura apenas após algumas jolas dentro da bolsa estomacal, condição sine qua non para o reconhecimento de sentido do texto...
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